Apresentação
A aplicação crescente da tecnologia na produção de escala e a constante redução do valor das mercadorias contrastam com o fato de que a classe trabalhadora sofre com a crescente supressão do trabalho vivo e o gigantesco ampliar das mazelas sociais. Realidade na qual, as pessoas acometidas por algum defeito físico, sensorial ou mental se fazem presentes em caráter involuntário.
Tão logo, não se trata de discutir um processo de inclusão social das pessoas com deficiência. Pelo contrário, os debates previstos para esse Seminário abordarão o como a educação formal das pessoas com deficiência, que passa talvez pelo seu momento mais agudo e importante no Brasil, requer para êxito efetivo de interesse de classe, em ter que se desenvolver tendo como centro, não apenas a escola, ou no caso, a pessoa com deficiência na instituição escolar, e sim essa prática se relacionando com o indivíduo em sua objetivação concreta e suas necessidades frente às contradições materiais produzidas, ampliadas e sustentadas pelo modo de produção capitalista.
A formatação deste evento, nesse sentido, visa contribuir com a importante noção presente em reivindicações das próprias pessoas com deficiência a seus interesses de classe. Para esse rumar, requer que esse segmento se livre, de fato, das amarras da filantropia e da tutela familiar e societal, numa legítima e crescente consciência e revolta eficaz contra os pilares que se fazem obstáculos a sua super-saúde (VIGOTSKI, 1997). Ações que tendem exigir que suas lutas se forjem revestidas pelo fato do não aproveitamento produtivo dos trabalhadores acometidos por algum defeito na produção e reprodução econômica.
Nesse norte, no campo educacional, em sua larga dimensão, não se abre mão do direito de todo homem, seja ele acometido por algum defeito ou não, de acessar o conhecimento historicamente construído e elaborado pelo homem na sua mais desenvolvida potência. Há, nesse sentido, a necessidade de direcionar a organização do movimento de pessoas com deficiência para lutas que visem o pleno alcance de tal direito. Embates que, organicamente lapidados à dificultada experiência laboral desses indivíduos, ao menos enquanto ainda perdure o modo de produção capitalista, alcancem esses meios que possibilitem o acesso ao conhecimento científico mais elaborado e, com esta imprescindível herança histórica, transformada em ferramenta instrumental em sua jornada social concreta, amplie sua consciência dos fatos históricos presentes nas contradições do meio de produção vigente, cimentando o papel que pode representar o segmento de pessoas com deficiência no período de crepúsculo que conduz ao fim da pré-história.
"Desta forma, ao se ponderar da valia do trabalho produtivo na formação integral de trabalhadores acometidos por algum defeito, se exige a ortodoxia de considerar, prática e teoricamente, seu pleno potencial histórico. O qual, clama por uma formação instrumental eficaz e lúcida, suficientemente esclarecida de que: "Si él aprende a hacer muñecos negros de trapo y a venderlos, si él confecciona diferentes artículos y después los lleva a vender a los restaurantes y se los propone a los usuarios, esto no es educación laboral, sino educación de la mendicidad"